Este domingo eu resolvi sair de casa um pouco para fazer um passeio mais cultural.
Visitei o Instituto Moreira Salles para ver a Exposição sobre o fotojornalismo brasileiro dos anos 1940 a 1950, tudo embalado em reportagens da Revista “O Cruzeiro”.
A exposição traça um panorama geral e dá alguns insights sobre a construção da linguagem fotojornalística moderna no Brasil, em completa sincronia com o que estava sendo observado na imprensa internacional. Nesta época de grandes transformações, por que passaram o Brasil e o mundo, a revista O Cruzeiro consegue cravar a sua importância no retrato de um país em franca expansão, e ajudou, as vezes por mal as vezes por bem, a construir nossa identidade nacional, tanto para nós brasileiros como para o mundo.
A exposição é centrada na linguagem fotográfica e na sua importância na imprensa, tanto nacional quanto estrangeira. Detalha o trabalho de importantes fotojornalistas brasileiros que atuaram na revista O Cruzeiro, como Luciano Carneiro, Pierre Verger, Jean Manzon, Henri Ballot, Flávio Damm entre tantos outros, e conta com muitas ampliações, tanto recentes quanto da época em que foram produzidas.
Organizada por temas, conta também com a presença de alguns exemplares de revista e reproduções para ilustrar e mostrar os eventos mais importantes da revista e de nosso país. Destaque para as edições da revista O Cruzeiro que mostram a pobreza na cidade de Nova York "em resposta" às reportagens da revista Life e Paris Match que retrataram a pobreza no Brasil, e que de tão contundentes acabaram gerando a simpatia até mesmo do prefeito novaiorquino da época, que admitiu que “a pobreza também está aqui”.
Mas claro que a parte política não fica de fora, e não apenas pela época retratada, mas pelo fato que a publicação, vinda das mesas de Assis Chateubriand, apoiava os políticos do Estado Novo de Getúlio, sendo notória a predileção de Getúlio pelo trabalho quase que ficcional de Jean Manzon em retratar sua atuação no governo e na vida pública.
Há também algumas câmeras expostas, como a famosa Leica III, igual a usada por Cartier Bresson na época que ele inaugurou a Agência Magnum e que é considerada um dos marcos no fotojornalismo, pois possibilitou uma mobilidade nunca antes experimentada pelos fotógrafos do inicio do século, fato que fez com que muitos abandonassem a pesada e desajeitada Rolleiflex 6x6 que era considerada padrão na redação da revista O Cruzeiro, e que também está na exposição.
Recomendo fortemente esta exposição a todos que querem se aventurar pelas searas do fotojornalismo, ou se meterem nas planícies vastas do jornalismo brasileiro.
E ainda há tempo de visitá-la, pois a exposição ocorre até 31 de março de 2013. O Instituto Moreira Salles fica na Rua Piauí, nº 844, São Paulo. O horário de visitação é das 13h às 19h, de terça a sexta, e das 13h às 18h aos sábados, domingos e feriados. A mostra tem entrada gratuita e classificação etária livre.
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